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Terapia hormonal transgênero

A terapia hormonal faz o paciente transgênero ficar mais à vontade consigo, de maneira física e psicológica. O endocrinologista faz uma entrevista com o paciente para entender os seus desejos e criar um plano de tratamento realista sobre as mudanças esperadas, visto que os hormônios não podem alterar totalmente sua forma ou sua altura.

 

No Brasil, as terapias hormonais são proibidas para menores de 16 anos, e as cirurgias só são liberadas a partir dos 18.

 

 

Porque o endocrinologista trata de hormônios sexuais? 

Existem diversos hormônios produzidos no organismo por um sistema de glândulas, que são liberados diretamente na corrente sanguínea e são transportados por todo o corpo. Esse sistema é chamado de sistema endócrino, e o médico responsável por essa área da medicina é o endocrinologista.

 

Entre eles estão os hormônios sexuais:

  • o hormônio masculino testosterona, produzido pelos testículos.

  • o hormônio feminino estrogênio, produzido pelos ovários.

 

Qualquer organismo produz naturalmente testosterona e estrogênio: pessoas com sexo masculino possuem uma pequena quantidade de hormônio feminino, por meio da testosterona que é convertida em estrogênio. E independentemente do sexo biológico, as glândulas suprarrenais, que se encontram sobre os rins, produzem pequenas quantidades de testosterona.

 

Com o bebê ainda na barriga da mãe, os hormônios sexuais em conjunto com fatores genéticos designam o desenvolvimento do sistema reprodutor, o cérebro e as características físicas, como a altura, pelos, como a gordura é distribuída pelo corpo e a massa muscular.

 

Ao longo da vida, os hormônios sexuais continuam interferindo nas características e desenvolvimento no organismo, chegando ao ápice na puberdade e diminuindo naturalmente na terceira idade.

 

 

Entenda os efeitos físicos da hormonioterapia

No início do tratamento, é comum o endocrinologista receitar medicamentos que bloqueiam os hormônios sexuais, para interromper a produção hormonal do próprio corpo. Dessa forma os hormônios prescritos agem com mais eficácia.

 

Nas mulheres trans:

O estrogênio tem efeitos que acentuam uma aparência feminina, como: a gordura começa a ser mais distribuída pelos quadris e o tamanho do órgão reprodutor pode ficar ligeiramente reduzido, a massa muscular e a energia podem ser reduzidas.

 

Os pelos também ficam mais fracos, e com isso muitas mulheres trans associam a hormonioterapia para adiantar tratamentos à laser e outras técnicas de depilação definitiva. Apesar desse efeito benéfico causado pelo estrogênio, a calvície masculina não é necessariamente revertida.

Nos homens trans:

A testosterona traz o crescimento da barba e de pelos mais grossos pelo corpo, deixa a voz mais grossa, aumenta a libido, promove o ganho de massa muscular e pode causar o aumento do clitóris.

 

Alguns homens trans também desenvolvem acne e desencadeiam calvície masculina. A menstruação é interrompida, embora possa acontecer algum sangramento e nesse caso é preciso o ajuste da dose, com o auxílio médico.

 

A maioria das modificações se desenvolvem de forma lenta. Alguns efeitos começam após alguns meses de terapia hormonal e podem ser irreversíveis, como o grave da voz em homens trans e o crescimento de seios em mulheres trans.

 

 

É preciso tomar os hormônios para sempre? 

Sim, para manter os efeitos causados pelos hormônios sexuais, é preciso levar o tratamento pelo resto da vida. Porém, se em algum momento a mulher trans realizar a remoção de seus testículos ou o homem trans de seus ovários, a dose de hormônios geralmente é reduzida após se fazer a cirurgia.

 

 

A transição hormonal traz riscos à saúde?

Ainda há poucas pesquisas sobre o uso de hormônios e o risco à saúde, porém com o acompanhamento médico o tratamento hormonal é seguro, já que os medicamentos prescritos são muito parecidos com os hormônios naturais produzidos pelo organismo.

 

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia considera os maiores riscos aos pacientes trans a osteoporose, o câncer de mama em mulheres trans que tomam estrogênio, doenças cardiovasculares, e câncer de próstata em mulheres trans, mesmo naquelas que realizaram a redesignação de sexo.

 

Os riscos mais graves ao tomar estrogênio são a trombose, derrame, embolia pulmonar e o funcionamento alterado do fígado. Já o maior risco causado pela testosterona é a policitemia (superprodução de glóbulos vermelhos) que induz a coagulação do sangue e gera cansaço, fraqueza e falta de ar.

 

Para diminuir os riscos, é importante manter um estilo de vida saudável, com uma alimentação balanceada e exercícios, evitando o uso de álcool e outras substâncias que possam prejudicar o tratamento. O tabagismo, além de trazer riscos aos pulmões, reduz os efeitos do estrogênio no tratamento de mulheres trans.

 

 

É possível ter filhos com a transição hormonal?

Independente do gênero, a transição hormonal causa infertilidade após um certo tempo. Porém, tomar hormônios não é considerado um método contraceptivo, já que é incerto quanto tempo leva para o tratamento tornar a pessoa infértil.

 

Para se ter filhos, a pessoa trans deve interromper a hormonioterapia. Se uma mulher trans não possuir testículos removidos, ela será totalmente infértil. E também, um homem trans que tiver seus ovários removidos não pode engravidar naturalmente.

 

 

Endocrinologia e Psicoterapia

A Dra. Tatiana também recomenda psicoterapia para o paciente em transição hormonal. Pessoas trans que passam pela hormonioterapia podem apresentar uma série de ideias com sentimentos e pensamentos mais intensificados. Esses sentimentos podem afetar comportamentos e o relacionamentos.

 

Alterações na sensibilidade sexual também são comuns com o tratamento hormonal, podendo aumentar ou diminuir a libido. Dependendo do paciente, as alterações causadas pela hormonioterapia são compensadas pelos ganhos na imagem corporal desejada, conforme sua a identidade de gênero.

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